Eles passam. O movimento fica.
- lionsclubeelos
- 10 de abr.
- 2 min de leitura

Às vezes, o maior desafio dentro de um movimento voluntário não é o trabalho árduo, nem a escassez de recursos. É lidar com pessoas que se colocam acima da causa, que acreditam que liderar é ter controle — e não servir. Líderes de ego inflado, que se alimentam de títulos e holofotes, deixam um rastro de desgaste, silenciamentos e até desistências. Pseudo lideranças que confundem vaidade com missão.
Mas eles passam.
E o movimento Lions, esse que é maior do que qualquer nome, fica.
O movimento permanece.
Fui testemunha de como uma liderança tóxica pode minar o potencial de um clube inteiro. No Lions Clube São Paulo Alto da Mooca, do Distrito LC-2, do qual fui fundador, começamos com mais de 30 associados — muitos deles ex-LEOs, preparados, entusiasmados, com sede de servir. Mas, pouco a pouco, vimos o clube se esvaziar. Metas pessoais travestidas de coletivas, centralização exagerada, críticas públicas humilhantes, microgerenciamento, obsessão por prêmios e cargos, ausência de confiança e clareza de papéis... Tudo isso criou um ambiente de frustração e afastamento.
O que poderia ter sido um dos clubes mais vibrantes do Distrito virou um caso de desastre. E, mesmo diante da dor de ver um sonho desfeito, sigo acreditando que as boas sementes permanecem.
A história do Alto da Mooca é também a história de muitos outros clubes onde a energia transformadora dos ex-LEOs e dos jovens foi sufocada por estruturas hierárquicas e costumes arcaicos. Naquele tempo, sonhávamos com um clube moderno, colaborativo, horizontal — e, por algum tempo, acreditamos que isso era possível. Mas as práticas prosaicas venceram, ancoradas em uma liderança tóxica. Quando a realidade se impôs, muitos se afastaram. O silêncio reinou. Os pedidos de ajuda foram negados. Outros tentaram resistir. Eu fui um dos que tentou. Fiquei até o final. Tive que fechar a porta e partir. Alguns se compadeceram e prometeram me convidar para seus clubes... até hoje espero esse convite.
Uma janela de quase 13 anos me distanciou do amado movimento LEOístico e leonístico.
Mas a chama do Leonismo permaneceu viva dentro de mim... e reacendeu durante a pandemia de 2020. Em meio ao caos, o atual Leão e ex-LEO André Cazaroto teve uma ideia brilhante e uma proposta inegável: reunir ex-LEOs e seus familiares para formar um clube diferente — mais humano, mais horizontal, mais conectado com os valores originais do LEO e do Lions, e com a realidade dos novos tempos. Aquilo reacendeu a minha esperança no servir desinteressadamente.
Foi assim que nasceu o Lions Clube São Paulo ELOS — um clube formado por ex-LEOs, familiares e companheiros que acreditam no potencial da juventude de liderar com o coração. Um espaço onde os erros do passado viraram aprendizados e onde cada um tem voz e vez.
Hoje, no Lions Clube São Paulo ELOS, vivo meu sonho e meu ideal de leonismo. Aqui reencontrei o propósito, a força coletiva e a alegria de servir — sem medo, sem vaidade, com verdade.
Líderes tóxicos passam. A nossa missão fica. E, quando feita com verdade, ela floresce de novo — mesmo nas terras que um dia foram secas.
Leão Raniere Pontes
LC SP ELOS
D.LC-2
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